O Diretório Nacional de Catequese (DNC) oferece-nos as fontes da evangelização: a Bíblia, Liturgia e o Catecismo como instrumentos para a realização da ação catequética na Igreja particular, tão necessária à renovação permanente da missão evangelizadora no Brasil.
A missão confiada por Cristo aos apóstolos é o anúncio do Reino de Deus e a pregação do Evangelho, tendo em vista a conversão (cf. Mc 16,15; Mt 28,18-20). Que continuemos esta missão através da ação evangelizadora, pois o verdadeiro discípulo de Jesus e missionário do Reino.
Os Evangelhos nos ensinam algumas atitudes importantes para a vida comunitária: simplicidade, humildade, solicitude pelos pequenos, atenção para os que erram ou se afastam, correção fraterna, oração em comum, amor fraterno, partilha de bens (cf. At 2,42-47; 4,32-35). Vamos lembrar que a missão do cristão é levar a todos a certeza de que a verdade sobre o ser humano só se revela plenamente no mistério do Verbo encarnado.
A realidade que vamos evangelizar
Olhando para nossa realidade atual, encontramo-nos em uma sociedade em constantes mudanças nos seus vários campos da economia, da política e da cultura, com repercussões significativas em todos os aspectos da existência pessoal e social. Nesse sentido, para evangelizar nessa realidade se faz necessário um envolvimento e uma participação maior da sociedade, cuidando para que não seja afetada a liberdade, a dignidade e a felicidade de cada pessoa humana.
Estudos sobre a realidade atual, realizados, tanto no Brasil quanto fora dele nos chama a atenção para o ambiente que se desfila diante dos nossos olhos.
No Brasil, vemos, sentimos e ouvimos falar da exclusão social e os índices de desigualdade, o crescimento da violência, a falta de alternativas de trabalho, tanto no campo como na cidade e a falta de esperança para os jovens, com o forte envolvimento no consumo e tráfico de drogas e a atuação do crime organizado.
Já no cenário internacional, as guerras, o terrorismo, as catástrofes naturais, as epidemias estão espalhadas pela mídia e são sempre encontradas nas primeiras páginas. Questões como saúde, segurança, ecologia, religião, as injustiças etc. Como se encontram e quais são as formas apresentadas para a solução dos grandes problemas?
Da busca de respostas para essa sociedade fragmentada emerge um pluralismo cultural, ético e religioso que afeta e influencia a vida de todas as pessoas. Em se tratando do tema “religião”, o pluralismo religioso é um fato consumado em nossa sociedade brasileira.
Os desafios para a evangelização
Diante de tais desafios, como conviver e dialogar com as pessoas? Como evangelizar diante de um mundo plural? Um dos primeiros aspectos que nos chama atenção para o campo da evangelização é ter conhecimento da própria identidade religiosa, base indispensável para a boa convivência e diálogo.
Qual conteúdo apresentar no contexto da Igreja evangelizadora? A catequese das crianças, jovens adolescentes e adultos, as formações, a ação missionária, deverão sempre levar em conta a apresentação do cristianismo, não como apenas um discurso, mas como um acontecimento, um fato real. Assim podemos acolher e seguir Jesus Cristo, pois ele permanece na história, nos sacramentos, na Palavra e na Igreja.
Para colocar em prática os ensinamentos de Jesus, com a certeza de fé que Ele se encontra vivo no meio de nós, as fontes apresentadas (Bíblia, Liturgia e catecismos) são os conteúdos da nossa evangelização. O conteúdo central é a pessoa de Jesus Cristo. Esses conteúdos nos ajudam a fortalecer a fé naquele que nos fortalece. Segundo Paulo, em Rm 12,5, “nós somos muitos e formamos um só corpo em Cristo, sendo membros uns dos outros”. Assim, fazendo a experiência do encontro com Cristo, na busca da compreensão do seu amor por nós e de sentirmos amados por Ele, aprendemos amar ao nosso irmão, acolhendo-o na fortaleza do mesmo amor no qual somos acolhidos por Cristo.
Todo são convidados a ter em nós os mesmos sentimentos de Cristo Jesus (Fl 2, 5-8); a nos configurar com Ele e a encontrar a plena felicidade não somente no futuro, mas já agora na alegria de doar-se aos irmãos (Mt 5, 1-12). Como ele mesmo nos ensina, não importa o tamanho da fé (Mt 17,20), mas a força da fé que se encontra na parceria com Deus e na adesão ao seu plano de amor. Quando agimos assim, o sucesso das nossas atividades está no próprio Deus que, conosco, realiza as suas obras. A fé verdadeira é, antes de tudo, compromisso com Deus.
Como aconteceu aos discípulos de Emaús, nosso encontro com Cristo e suas palavras possam fazer arder em nossos corações e suscitar o desejo de sair ao encontro do outro para dar testemunho de sua presença, testemunho esse que nasce: da resposta ao convite “vinde e vede” (Jo 1,39); da experiência do encontro (Lc 24,13-35), e se caracteriza pela gratidão e gratuidade na existência da nossa vida.
No processo de evangelização e no trabalho para a identidade da fé cristã e resgate da dignidade humana sempre estará presente a origem do ser criado à imagem e semelhança de Deus. O caminho a seguir: Jesus Cristo, Ele, que pelo seu sofrimento e sua morte, revela-nos o caminho da vida em plenitude. Ele, o Filho de Deus, que uniu a divindade à humanidade e a humanidade à divindade.
A Igreja, vista com o olhar da fé, é o corpo místico que, como sacramento de Cristo, ofereceu e continua oferecendo sua colaboração para a construção de um mundo melhor.
Neuza Silveira de Souza. Coordenadora do Secretariado Arquidiocesano Bíblico-catequético de Belo Horizonte