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[Artigo] A Catequese com Adultos e o seu potencial evangelizador – Neuza Silveira

A catequese seguiu muitos caminhos desde aquele primeiro envio de catequistas realizado pelo próprio Cristo: “Ide e fazei com que todos os povos se tornem discípulos” (MT 28,19). Uma vez mais surge o desafio suscitado pelo Espírito: Mais do que ajudar os adultos a conhecerem os conteúdos que amparam sua fé, precisa-se ajudá-los a fazer o caminho do aprofundamento mistagógico da pessoa de Cristo e de seu Reino, centro e horizonte maior de uma fé adulta.  Mistagogia se refere ao ato de iniciar e instruir (alguém) nos caminhos misteriosos de uma religião.

O documento “Catequistas para catequese com adultos” da CNBB, página 39, diz que: “A redescoberta da Catequese com adultos e o seu potencial evangelizador é vista como uma possível resposta para o contexto de Igreja em que se vive hoje.” Mas uma catequese que não pode ser feita a partir de manuais. Ao desenvolver o processo catequético para os adultos são destacados valores próprios e fundamentais do cristianismo que estão presentes na catequese: a Bíblia e a liturgia.

O adulto, como prioridade da catequese, leva a Igreja a desenvolver novos procedimentos para a catequese e retomar seu sentido dos primeiros séculos onde havia uma integração entre Catequese-Liturgia-Palavra de Deus, conhecida como “Iniciação cristã” e considerada como missão específica da catequese. Retomando um artigo da Inês Broshuis, vamos trazer à memória uma pergunta que pode nos ajudar na reflexão e conhecimento do adulto em nossa comunidade.

Quem é o destinatário da Catequese com adultos?

Esta não é uma pergunta tão fácil de responder. O adulto tem suas fases de maturidade, sua situação familiar e econômica, sua cultura, sua profissão… Tudo deve ser considerado na catequese com eles.

Hoje, vamos colocar um aspecto entre muitos.

Adulto, ser em constante crescimento

Sempre consideramos o adulto como alguém que chegou à maturidade, conhecedor de seus direitos e deveres, atuando com responsabilidade, como se isto fosse natural a partir da idade adulta.

As pesquisas psicológicas dos últimos 30 a 40 anos mostram que a idade adulta é uma fase de evolução e não uma etapa madura e fechada a um desenvolvimento posterior. Assim, está superado o conceito de pessoa “adulta”, formada e educada completamente. A maturidade é uma situação dinâmica de contínua evolução. A vida inteira é um processo de crescimento. Através das experiências da vida, através de uma contínua aprendizagem, o adulto desenvolverá sua criatividade, sua autonomia pessoal, assumirá os compromissos e participará responsavelmente na construção da comunidade e da sociedade. O adulto conserva sempre sua capacidade de “aprender”, de abrir os horizontes dos seus pensamentos, de pensar de um modo crítico e responsável, de ser criativo. Aprender supõe “mudar”, passar por transformações, formar uma mentalidade nova. Isto é, às vezes, difícil para quem está muito apegado às suas convicções e ideias e não se abre para o “novo”.

No tempo atual, esta “mudança” é difícil. O ritmo das transformações culturais e religiosas está tão acelerado que é difícil, para o adulto, acompanhá-lo.

No aspecto da fé, as mudanças em nível religioso podem causar crises de fé e de identidade cristã. O adulto torna-se inseguro. Não sabe responder satisfatoriamente a perguntas fundamentais da sua fé. Sente o abismo entre as gerações, dificuldade de dialogar com os filhos, de orientá-los neste mundo em constante mudança.

Em tudo isto fica claro a importância da formação cristã dos adultos. Mesmo aqueles adultos que tiveram uma boa formação religiosa na sua infância e juventude vão sentir a necessidade de uma atualização a fim de poderem justificar seu ser cristão. Constantemente, há novas descobertas, novos questionamentos que influenciam na vida de fé e de vivência cristã. Os meios de comunicação obrigam a assumir certas posições e colocam o cristão diante de perguntas sérias.

Quem poderá negar a necessidade da formação cristã dos adultos? Quando falamos de “catequese com adultos”, isto pode soar como algo de iniciação. Mas a “catequese permanente” é necessária para todos. Quem não se coloca a par das mudanças do nosso mundo cultural e religioso ficará estagnado, com ideias ultrapassadas, que impedem um diálogo com o mundo contemporâneo: com os jovens, os operários, os intelectuais, como também com os pobres e marginalizados. Os adultos devem sair do seu infantilismo religioso e conhecer seu papel transformador dentro e fora da Igreja.

Os adultos devem ser motivados a procurar uma melhor formação. E, uma vez motivados, precisam encontrar agentes capacitados que possam ajudar na sua caminhada. É a partir do diálogo, da escuta, que se pode desenvolver uma boa catequese. Isto exige dos(as) agentes um bom preparo. Eles são os primeiros a precisar de uma boa formação. E exige-se também da própria Igreja uma mentalidade de abertura e diálogo com o homem moderno, que é crítico e, justamente por isto, muitas vezes, afastado da Igreja.

Desafios para a catequese com adultos

Vivemos num tempo de rápidas transformações e mudanças. O progresso da ciência e da técnica é tão grande que muitos se sentem perdidos, incapazes de acompanhar tanta novidade. Muitos são os desafios que a catequese enfrenta: há um grande individualismo que se faz presente no nosso meio; grande consumismo e uma busca de satisfações pessoais, bem como uma busca de sentido da vida levando as pessoas a uma busca de religiões esotéricas como solução mágica para a sua insatisfação.

O mundo da informática, cada vez mais sofisticado, faz os mais velhos se sentirem “para trás”, quase os analfabetos do mundo moderno. Quem não sabe se comunicar por internet é um desatualizado. E isto acontece não só no mundo da informática. Parece também que para a ciência não há limites. Os conhecimentos adquiridos em tempos passados parecem superados. Em vez de cultivar o que se aprendeu, é cada vez mais necessário correr atrás de novos conhecimentos, mais atualizados. Muitos se encontram à margem de uma sociedade supertecnizada.

Nossa catequese, como processo permanente de educação da fé, atenta a uma sociedade plural e diversificada, precisa se colocar em busca de um novo jeito de evangelizar, principalmente aos adultos, para que eles se tornem bons colaboradores no processo de crescimento e amadurecimento da fé cristã.

 

Neuza Silveira de Souza. Secretariado Arquidiocesano Bíblico-catequético de Belo Horizonte.



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