A evangelização hoje exige homens e mulheres, jovens e adolescentes desejosos de inovar a partir da proposta feita pelo Mestre Jesus a Nicodemos: “quem não nascer da água e do Espírito não pode entrar no Reino de Deus” (Jo 3,5), ou seja, nascer de novo, renascer. Este é o convite que Jesus continua fazendo através da Igreja, que é a continuadora de sua missão.
O propósito da Evangelização é levar as pessoas a um encontro com Jesus Cristo. Este primeiro anúncio, como vimos, o querigma, encontra-se no processo da Iniciação Cristã que é a maneira prática de colocar alguém em contato com Jesus Cristo; de ajudar a fazer a experiência pessoal e comunitária de Deus: O Pai que se revelou plenamente em Jesus Cristo, plenifica sua Aliança com o Filho enviando-o ao mundo, par que todos tenham a vida por meio dele e nele.
Apresentando o anúncio primeiro que consiste em: Jesus foi crucificado, morto e sepultado; Deus o ressuscitou; Somos testemunhas disso; Ele está vivo no meio de nós, a Igreja de Jesus Cristo, alicerçada sobre o fundamento dos Apóstolos, prega-o como núcleo central da fé. Com esta pregação catequética, a Igreja faz com que Jesus Cristo se torne cada vez mais conhecido e amado, reconhecido como o caminho, verdade e vida.
A realidade atual que nos interpela
Esse tempo exige de todos nós uma interligação entre fé e vida, ou seja, confrontar a fé com a realidade e se comprometer mais firmemente com a Igreja, lembrando sempre que Igreja significa “um corpo constituído de toda a comunidade cuja cabeça é Cristo”.
A Igreja é o centro de irradiação da vida em Cristo por meio da comunidade de batizados que a constitui. Ela anuncia a todos os ensinamentos de Jesus e ajuda-os a observar o que o Cristo ordenou, fazendo discípulos para o seu seguimento (cf. Mt 28,19).
No início do Cristianismo, a partir da experiência das primeiras comunidades, a fé era vivida com coragem e compromisso, levando a sério os ensinamentos dos Evangelhos. Naquela época, quem quisesse ser cristão tinha que escolher com firmeza esse caminho, pois o cristianismo ainda não era reconhecido como religião e ainda não fazia parte da cultura dominante. Hoje, os caminhos são bem mais fáceis. Somos introduzidos na vida do Cristo, pelo Batismo, desde pequenos e por tradição. Mas, na idade jovem e adulta, somos convidados a fazer uma adesão pessoal, individual e fortalecer a nossa fé, através de uma educação vista como processo contínuo e permanente, onde a catequese exerce o seu papel fundamental: de verdadeira orientação de um encontro de pessoas: a pessoa do catequizando com a pessoa de Cristo.
A catequese verdadeira leva à libertação.
A catequese proporciona ao catequizando um relacionamento de acolhida das outras pessoas, do mundo de Deus e de responsabilidade própria diante dos desafios que a fé lhe apresenta. Para tanto, de um lado, as pessoas necessitam educar-se, abrindo-se na fé para a mensagem que a catequese oferece. Por outro lado, para que a catequese produza tais frutos, os catequistas necessitam inserir-se em um processo de formação permanente, comprometendo-se por meio da participação ativa na comunidade e deixando-se seduzir pelo Espírito que sopra onde quer, quando quer e como quer.
Ainda hoje, muitas pessoas, ao receber a educação da fé, a recebem de forma infantil através de uma catequese mais informativa, dogmática, direcionada para a recepção dos sacramentos, sem um aprofundamento que leve as pessoas a interagir sua fé com a prática cristã, a se comprometer, a engajar-se nos trabalhos pastorais. O ser católico tornou-se algo ocasional. A nossa realidade está a nos exigir muito mais.
A Catequese como instrumento de transformação.
A catequese necessita ser um instrumento eficaz de transformação, pessoal e comunitária e para isto é importante ao trabalho catequético o conhecimento das realidades humanas e dos agentes nelas envolvidos. Grandes são os desafios da realidade: apresentam problemas de ordem ética, cultural e religiosa, exclusão e miséria, violação dos direitos humanos, agressão à vida e à natureza e à indiferença religiosa. No campo religioso há o desafio da diversidade de expressões com o catolicismo e o protestantismo, no pluralismo de culturas e várias outras crenças.
Ao evangelizar, exigem-se dos agentes de educação da fé a formação, muita atenção à diversidade de prática religiosa, respeito, abertura sincera e solidariedade. Só assim a catequese pode fazer ecoar a Palavra de Deus, os ensinamentos de Jesus e produzir bons frutos, diante da diversidade.
As exigências de uma catequese efetiva e eficaz.
Percebendo essa realidade a Igreja nos convida à realização de uma catequese mais efetiva e eficaz. Várias são as exigências: Uma formação catequética, metodológica, bíblica, querigmática e doutrinária, para atender à comunidade na sua diversidade. Oferece-nos, a partir de um modelo inspirador de catequese das primeiras comunidades um jeito de catequizar que hoje ela chama de Iniciação à Vida Cristã; a realização de um bom trabalho pastoral com o efetivo envolvimento da comunidade, estar atentos às características de “comunidade cristã”, que são:
- Escuta orante da Palavra de Deus – Fonte da catequese (DNC 106);
- Vivência litúrgica (DPLS 98 a 122);
- Solidariedade e amor fraterno;
- Engajamento na transformação social.
Segundo as Diretrizes do Processo Catequético na Arquidiocese de Belo Horizonte e, a partir de várias outras orientações em documentos como: Catequese Renovada, Diretório Nacional de Catequese, Ad Gentes, Catechesi Tradendae, Documento de Aparecida, a catequese precisa desenvolver um projeto catequético que acompanhe e eduque a fé das pessoas, contemplando todas as etapas do seu crescimento humano-espiritual: crianças, adolescentes, jovens, adultos.
Uma catequese como processo contínuo e permanente
A catequese não pode ser pensada apenas como preparação para os sacramentos, mas ela é um processo contínuo de constante crescimento e amadurecimento da fé.
Para que esta catequese aconteça em nossa realidade atual, primeiramente tem-se que mudar o jeito de pensar a catequese. Precisa acontecer uma mudança paradigmática: Uma catequese que não seja apenas de preparação para os sacramentos, com tempo determinado, e no final uma formatura. Mas uma catequese contínua, permanente e necessária que leve aos catequizandos o desejo de receber os sacramentos e continuar na caminhada fazendo parte.
Neuza Silveira de Souza.
Coordenadora do Secretariado Arquidiocesano Bíblico-Catequético da Arquidiocese de Belo Horizonte