Santuário Arquidiocesano

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[Artigo] A comunicação de Deus com seu povo – Neuza Silveira

A vocação catequética é dom do Divino Espírito Santo, que vai se desenvolvendo ao longo de uma caminhada comunitária, a partir das experiências profundas de amor. É uma atividade exigente, requer muita coragem e responsabilidade para fazer ressoar no coração das pessoas a boa notícia que é a vida de Jesus em nós. Uma boa notícia que transforma e contribui para transformar outras vidas. Esta notícia ainda diz que Deus construiu sua tenda no meio de nós para melhor comunicar conosco. Atendendo ao pedido de Jesus, continuamos nossa missão de anuncia a Boa Nova.

Como Deus se manifesta a nós e comunica conosco? 

Os textos bíblicos são comunitários. Nascem de uma comunidade e a ajuda a continuar na caminhada. Tanto judeus como cristãos ouvem a palavra bíblica como “Palavra de Deus”. Como ela é a história de um povo em busca de Deus, nela Deus fala e se expressa, pois o próprio Deus, em seu amor, quer se revelar ao povo. Nesse diálogo entre Deus e o homem se encontra a verdade da Bíblia, verdade que serve para a nossa salvação. Nesse sentido, a Bíblia é porta voz do projeto de Deus.

A Bíblia descreve a intervenção de Deus no tempo da história por meio de palavras e ações. Trata-se de palavras humanas, compreensíveis aos humanos. Não há palavra de Deus que não passe por uma mediação humana. É para que o homem possa compreendê-la. Mas são utilizados códigos de linguagem que vão indicando as palavras atribuídas a Deus. Por exemplo, o código das teofanias, ou seja, da manifestação de Deus. A teofania exprime e interpreta, no seu código de linguagem, uma experiência de encontro com Deus e da escuta de sua palavra.Nela há trovões e trovoada, o murmúrio de um vento doce, uma nuvem que cobre o lugar ou um santuário, um estremecimento da natureza, a presença de anjos, a aparição de Deus sob a forma de uma voz.

Na experiência da caminhada do povo de Deus, revelada nas escrituras, o povo percebeu a manifestação de Deus de modo diverso, de formas e em lugares específicos.

A presença de Deus manifesta por meio de relatos bíblicos:

Gn 3,8 – Eles ouviram os passos de Deus que passeava no Jardim.

Gn 12, 1-3 – O Senhor disse a Abrão […] Deus chamou Abrão e lhe prometeu uma posteridade. Depois troca o seu nome para Abraão (Gn 17,5) e o abençoa.

Gn 16, 7-13 – O anjo do Senhor conversa com Agar – Lhe disse: volta para a tua senhora e sê-lhe submissa […] Eu multiplicarei grandemente a tua descendência.

Gn 18, 1-3 – O Senhor lhe apareceu no Carvalho de Mambré….Tendo levantado os olhos, eis que viu três homens de pé, perto dele; logo que os viu, correu ao seu encontro e se prostrou por terra. E disse: Meu Senhor, eu te peço, […]. (na bíblia só se prostra por terra diante de Deus).

Gn 28, 10-22 – O sonho de Jacó – Jacó sonha com uma escada ligando o Céu com a terra. Os anjos de Deus subindo e descendo por ela. “Eis que o Senhor estava de pé diante dele e lhe disse” (linguagem antropomórfica). […] “Eu estou contigo e te guardarei em todo lugar aonde fores…não te abandonarei… Jacó acordou do seu sonho e disse “Na verdade, Deus está neste lugar e eu não sabia!”

Em Ex 3, 1-15 – Deus se manifesta a Moisés na sarça.

Ex 11, 21-22 – Deus sempre presente na coluna de nuvem e de fogo. A Teofania mais importante do AT é a do Sinai, quando Moisés recebe as Tábuas da Lei.

Teofanias no Novo Testamento

Os anjos dos céus anunciam o nascimento glorioso de Jesus. A voz de Deus ouve-se no momento do batismo de Jesus. Esta voz faz-se ouvir na transfiguração, com o sinal da nuvem.

Os textos da Ressurreição – Todos eles tratam da mesma realidade: da experiência que a comunidade cristã faz da ressurreição de Jesus e de sua presença viva no meio dela. É o sinal da sua vitória sobre a morte e a confirmação por Deus da autenticidade da missão de Jesus.

Mt 28, 2.5 – Mateus diz que o Anjo do Senhor desceu do céu, removeu a pedra do sepulcro e falou às mulheres.

Jo 20,11 – João diz que Maria (de Magdala) viu dois anjos vestidos de branco no lugar onde fora depositado o corpo de Jesus.

Mc 16,5 – Marcos não fala “Anjo”, diz que as mulheres viram um jovem vestido com uma túnica branca

Lc 24,4 – Lucas diz que dois homens se postaram diante das mulheres com vestes fulgurantes

At 1,10 – No momento da ascensão de Jesus.

At 8,26-40 – O encontro de Felipe com o eunuco da rainha Candace da Etiópia.

At 12, 7-11 – O mesmo Anjo livra Pedro da Prisão de Herodes.

Estes sinais e manifestações vivas de Jesus após a crucifixão, transmitidas por testemunhas, ajudam-nos a compreender o sentido deste único acontecimento. Com Jesus estamos diante de uma teofania que dura a vida toda de homem: “Quem me vê, vê o Pai (Jo 14,9). É a revelação de Deus no Humano. A revelação não pode exprimir-se senão em termos humanos. Escutar a Palavra de Jesus e seguir a sua conduta nos faz reconhecer o agir e o falar de Deus em si mesmo.

O catequista precisa se espelhar em Jesus e utilizar da sua pedagogia divina, principalmente da pedagogia da encarnação, onde se faz presente o diálogo salvífico entre Deus e a pessoa. Ao anunciar o Evangelho deve ser profundamente relacionado com a vida, usando sinais, símbolos gestos para entrelaçar fatos e palavras, ensinamento e experiência. Estar atentos à escuta de Deus. Ele está sempre a nos falar.

Neuza Silveira de Souza

Secretariado Arquidiocesano Bíblico-catequético Belo Horizonte

 



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