Santuário Arquidiocesano

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[Artigo] A Igreja depois de Pentecostes – Neuza Silveira

Depois de percorrermos o período do Tempo Pascal, a Igreja celebra a festa de Pentecostes encerrando assim esse tempo litúrgico e retomando o Tempo Comum, que é o tempo da vida pública de Jesus.

A Igreja, partindo de Pentecostes, inicia sua peregrinação missionária levando aos povos o anúncio da Boa Nova: o querigma iniciático e a vida missionária de Jesus, agora à luz do Espírito que a constitui Sacramento do Cristo.

A partir dos dons recebidos do Espírito Santo: sabedoria, temor de Deus, entendimento, ciência, conselho, inteligência, fortaleza e muitos outros, a Igreja sempre se renova e atualiza seu compromisso de fazer entender e levar a Palavra de Deus a todos.

Assim somos todos chamados a viver uma Igreja que a partir da diversidade de dons recebidos se expande, encontra-se nas mais diversas realidades e se projeta na perspectiva escatológica do reino sem perder sua unidade própria que provém do Cristo Ressuscitado. Ele, primeiro sacramento do Pai, cabeça da Igreja, e nós constituímos um corpo a partir da resposta de cada um que se adentra pelo Batismo e se alimenta dele, adquirimos nossa pertença na sua vida e na vida da Igreja.

Como compreender essa Igreja da qual falamos?

A Igreja origina-se do mistério insondável do Pai, pelo Filho que se fez carne, no Espírito Santo. Dizemos que está é o nível de maior profundidade do mistério da própria Igreja. É Jesus que nos conduz para o interior dessa Igreja como o mediador da nova aliança, o iluminador de nossos caminhos que nos leva a envolver com o Espírito, aquele que nos ensina todas as coisas, conforme nos ensina no Evangelho de João (Jo 14,26). É graças a esse Espírito que podemos dizer ser a Igreja una, santa, católica e apostólica, e é graças a esse Espírito que somos colocados em comunhão com o Filho e o Pai.

Nesse sentido podemos dizer que a Igreja vem da Trindade (sua origem), é estruturada à imagem da Trindade (sua forma) e caminha para o cumprimento da história da Trindade (sua meta). Esta Igreja sinaliza para o Reino de Deus apresentado por Jesus. Um reino ao qual todos são chamados a fazer parte. Todos são abraçados na gratuidade da fonte inesgotável do amor na Trindade e no mundo. Foi Cristo que, para cumprir a vontade do Pai, inaugurou na terra o Reino dos céus, revelou-nos seu mistério e por sua obediência realizou a redenção.

Podemos afirmar que a Igreja não é o Reino, mas o Reino não lhe é estranho, nem indiferente. Ela é, ao mesmo tempo, sinal e servidora do Reino, é sacramento do Reino, ao qual deve constantemente converter-se. Enriquecida com os dons do Espírito Santo e percorrendo o caminho da caridade se concretiza na realização de sua missão de anunciar o Reino de Cristo e de Deus.

Na celebração eucarística, a unidade dos fiéis, constituída em um só corpo em Cristo (cf. 1 Cor10, 17), significada e realização pelo sacramento do pão eucarístico (cf. LG 3), faz a Igreja, atualiza o seu emergir que vem de Deus e a edifica em “corpo de Cristo”.

Neuza Silveira de Souza.

Coordenadora do Secretariado Arquidiocesano Bíblico-catequético de Belo Horizonte.

 



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