Estamos vivendo o tempo da alegria, a páscoa nos comunica esse tempo. Nos fala do ressuscitado, sua volta para o pai, mas também do envio do Espírito Santo para nós. Assim vai se realizando o projeto de Deus de salvar os seus filhos em comunidade, pois é na comunidade reunida, na escuta comunitária da Palavra, na Celebração Eucarística, na entrega da vida pelo Reino e nos sinais dos tempos e na história que são os lugares em que podemos encontrar o Cristo ressuscitado.
Desde o princípio, olhando para a criação, Deus criou o ser humano, soprou sobre ele, isto é, infundiu nele o seu Espírito, criando-o à imagem e semelhança. Agora, olhamos para o tempo da páscoa, tempo em que Jesus infunde, sobre os Apóstolos reunidos, um novo alento em seus corações para que recobrem sua semelhança com o criador.
“Soprou sobre eles e falou: Recebei o Espírito Santo”. O hálito de Jesus ressuscitado sobre os Apóstolos comunica o dom do Espírito: princípio da nova criação e da nova vida. O ser humano é, assim, recriado pela força de Cristo e do seu Espírito.
No dia em que os Apóstolos receberam o Espírito Santo, eles foram tocados no coração. Fizeram uma grande experiência de Pentecostes proporcionando a eles a abertura da mente para a compreensão das Escrituras. Perceberam que tudo o que fora anunciado antes de Cristo chegaram ao seu ponto máximo em sua ressurreição. É ela, as Escrituras, que dava sentido a tudo que tinha ouvido.
Prestemos atenção em nosso tempo de “agora”. Estamos vivendo o período pascal. Nós que recebemos o Espírito Santo no nosso batismo e nos constituímos morada do Espírito, somos chamados a seguir Jesus se colocando na luta para a construção do Reino, no mundo, pois como filhos adotivos. O Pai reconhece em nossos corações a presença do Espírito de seu Filho e, assim, sempre é derramado em nossos corações o amor, a ternura e a compaixão de Deus Pai. O Espírito, unido sempre ao Logos, impulsiona e faz penetrar no mistério, porque perscruta as profundidades de Deus e do homem.
O Espírito procura enraizar-se na corporalidade capaz de simbolizá-lo (sopro vital, imposição das mãos, afeto fraterno); busca sua raiz na materialidade do símbolo (fogo, pão, vinho, água), para que o Espírito no símbolo seja percebido simultaneamente através da sensibilidade, da vida, pela experiência e pela mente humanas, quer dizer, pela dimensão mais espiritual da pessoa.
Como tudo isso acontece em comunidade, nela recebemos a Palavra e fazemos dela lugar da experiência de Deus. Nela, o Pai nos reúne à mesa do banquete para comungar com Cristo.
Partindo da compreensão de que é Deus que toma a iniciativa e nos ama, tomando sua Palavra viva como Dom do espírito, brotam os sacramentos na comunidade de fé, isto é Igreja da Trindade, e no silencio da escuta, na oração e na celebração encontramos gratuitamente os sinais eficazes de uma presença que se entregou, cumprindo a promessa de Jesus: “Eu estarei convosco todos os dias, até o fim dos tempos”.
O Deus da encarnação e da Páscoa plantou sua tenda de reunião no meio dos homens e das mulheres desse povo, para que os corações dos discípulos, antes sem inteligência e lentos para crer, possam, enfim, chegar à fé esperançosa que age pelo amor.
Que possamos sempre procurar compreender os símbolos para neles percebermos o espiritual que é transmitido por meio deles.
Neuza Silveira de Souza.
Coordenadora do Secretariado Arquidiocesano Bíblico-Catequético de Belo Horizonte