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[Artigo] Catequizar é comunicar – Neuza Silveira de Souza

Catequizar é fazer ecoar a Palavra de Deus a todos que desejarem ouvir. Assim, “O catequista é, de certo modo, o intérprete da Igreja junto aos catequizandos e à comunidade. Ele lê e ensina ler os sinais da fé, entre os quais o principal é a própria Igreja” (DCG 35).

O catequista desenvolve um verdadeiro ministério, um serviço à comunidade cristã, sustentado por um especial carisma de Espírito de Deus. Ao anunciar a Palavra de Deus ele ajuda a comunidade a interpretar criticamente, os acontecimentos da vida, proporcionando-lhes a reflexão sobre a fé. Na Palavra encontramos o verdadeiro amor de Deus direcionado a cada pessoa. Um amor que para nós, não basta apenas saber dele, mas experimentá-lo. Crer e experimentar o amor de Deus de Deus por nós. Um amor incondicional porque Deus é amor. Ele não exige que façamos antes algo para merecer sua atenção. Ele nos ama primeiro, nos escolhe para dar frutos. Nossa resposta a esse amor é testemunhá-lo ao mundo.

Uma boa forma de comunicação do catequista junto à comunidade é feita pelo testemunho, pois uma boa comunicação supõe uma experiência de vida na fé capaz de chegar ao coração daquele a quem se catequiza. Assim, o compromisso de evangelizar em nome da Igreja, na função de intérpretes, deve ser como o de Cristo: um compromisso com os mais necessitados (Lc 4,16-21). O Filho de Deus demonstrou a grandeza deste compromisso ao fazer-se homem, pois se identificou com os homens, tornando-se um deles e tornando-se solidário com eles.

Jesus, ao iniciar a sua comunicação/missão, segundo o Evangelista Lucas, ele lança seu projeto de vida quando lê nas Escrituras a passagem de Is. 61,1-2: “O Espírito do Senhor está sobre mim, porque ele me ungiu para evangelizar os pobres; enviou-me para proclamar a remissão aos presos e aos cegos a recuperação da vista, para restituir a liberdade aos oprimidos e para proclamar um ano de graça do Senhor”. Ao terminar de ler estas palavras disse aos que ali estavam em uma escuta atenta: “Hoje se cumpriu aos vossos ouvidos essa passagem da Escritura”. Com estas palavras, Jesus assume em sua vida as Escrituras.

Assim também, nós catequistas, ao levarmos o anúncio da Palavra aos nossos catequizandos, devemos assumi-la como projeto de vida, para se fazer cumprir, antes de tudo, as exigências da justiça. Exigências estas que se caracterizam na preferência aos pobres. E aos catequizandos, devemos ajudá-los a assumir as atitudes de Cristo e se sentirem Igreja, experimentando-a como lugar de comunhão e participação, contribuindo para sua edificação.

É tarefa do catequista apresentar os meios para ser cristão e mostrar a alegria de viver o Evangelho” O Catequista é um pedagogo e um mistagogo de Deus. Diz o Papa Francisco que o catequista é também um especialista na arte de acompanhamento (EG n. 169-173). É um acompanhador e um educador por excelência. Em virtude da fé e da unção batismal e como servo da ação do Espírito Santo ele é, ainda, testemunha da fé e guardião da memória de Deus.

Para que o catequista assim possa exercer suas tarefas do anúncio evangélico, torna-se importante participar das Escolas Catequéticas que são oferecidas a todos, em vários níveis, oferecendo uma formação que além de desenvolver a capacitação didática e técnica do catequista, contribui para a vivência pessoal e comunitária da fé e seu compromisso com a transformação do mundo. É a prática da interação fé e vida.

Segundo o Papa Francisco, “ser catequista é uma vocação porque se compromete com a vida, guia-se para o encontro com Cristo, através das Palavras e da vida, através do testemunho”. Segundo ele, muitas vezes pensa no catequista como naquele que se pôs ao serviço da Palavra de Deus, que frequenta diariamente essa Palavra para fazê-la tornar-se alimento e assim poder comunica-la aos demais com eficácia e credibilidade.

O catequista sabe que essa Palavra é “viva” (Hb 4,12), pois constitui a regra de fé da Igreja (cf. Conc. Vat. II, Dei Verbum, 21; Lumen gentium, 15).

Ele pede aos catequistas que não se esqueçam, sobretudo hoje num contexto de indiferença religiosa, de que a sua palavra é um primeiro anúncio, que chega a tocar o coração e a mente de muitas pessoas que estão à espera de encontrar Cristo.

Neuza Silveira de Souza. Coordenadora do Secretariado Arquidiocesano Bíblico-catequético de Belo Horizonte



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