Santuário Arquidiocesano

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[Artigo] Deus se comunica ao homem por meio da revelação – Neuza Silveira

A Palavra de Deus, como princípio dinâmico, é comunicada ao homem pelo processo da revelação, que é um ato criador, já que é o princípio de uma nova sociedade espiritual que transcende a ordem temporal da cultura e coloca o homem em contato com uma ordem superior de realidade.

Não há local em que essa ideia de revelação divina tenha sido expressa de maneira tão forte e identificada com a tradição da cultura como no caso de Israel. Esse povo que tinha um modo de vida incorporado em uma lei moral e em uma história sagrada que os separava de todos os outros povos do mundo antigo foi escolhido entre as nações para ser testemunha de Deus e portador da revelação divina. O chamado foi feito em um período bem distante da história, quando Deus chamou Abraão para deixar seu lar em Harã, junto do rio Eufrates, e se tornar o fundador de um novo povo, em uma nova terra.

Mais tarde, os descendentes de Abraão, depois de terem se misturado aos povos do Egito e passado pela experiência da escravidão, tornaram-sr um povo reconhecido como nação a partir do êxodo e da aliança no Monte Sinai, tornando-se um povo consagrado assim com Abraão. Moisés, um profeta individual, foi apresentado como o salvador do povo para retirá-lo do Egito, como o canal da revelação divina e o doador da lei divina.

A lei divina, como revelada a Moisés e elaborada conforme os ensinamentos dos sacerdotes e profetas, torna-se essência dos ensinamentos ao povo de Israel: Primeiro, a história sagrada da vocação e libertação de Israel; segundo a Aliança de Deus (Iahweh) com Israel como a forma constitutiva de existência; e, em terceiro, os encargos e obrigações morais impostas a Israel, pela lei, condição da aliança.

“Pois tu és um povo consagrado ao Iahweh teu Deus; foi a ti que Iahweh teu Deus escolheu para que pertenças a ele como seu próprio povo, dentre todos os povos que existe, sobre a face da terra. Se Iahweh se afeiçoou a vós e vos escolheu, não é por serdes o mais numeroso de todos os povos, pelo contrário: sois o menor dentre os povos, e sim por amor a vós e para manter a promessa que ele jurou a vossos pais; por isso Iahweh vos fez sair com mão forte e te resgatou da casa da escravidão… Observa, pois, os mandamentos, os estatutos e as normas que eu hoje te ordeno cumprir” (Dt 7, 6-8; 11).

Esse é o tema que perpassa toda a Escritura, não só nas leis, mas nos profetas e nos salmos, e repetida de forma sumária no início da pregação apostólica. Este ensinamento continua para os cristãos modernos, pois ainda vemos neles não só o próprio “mistério de Israel”, mas a preparação indispensável para a revelação cristã e a vida da Igreja.

O Senhor Deus, que é misericordioso, caminhou com seu povo escolhido e continua caminhando conosco. A Igreja, desde o seu início, se faz serva mediadora junto aos homens e mulheres que desejam caminhar com Cristo. A misericórdia de Deus deve ser evidente e presente na vida das pessoas: nas nossas paróquias, nas comunidades, nas associações e nos movimentos. Onde estiverem, qualquer pessoa deve poder encontrar um oásis de misericórdia de Deus.

Neuza Silveira de Souza

Coordenadora do Secretariado Arquidiocesano Bíblico-Catequético de Belo Horizonte



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