A “interação fé e vida” é um princípio que norteia toda a catequese. Compreende dois elementos que se interagem: a experiência de vida e a formulação da fé. Um relacionamento mútuo e eficaz. De um lado, a experiência da vida, os anseios, as aflições, as decepções, as angústias levantam perguntas. Por outro lado, há a formulação da fé e a busca da explicitação das respostas a essas perguntas. O bom comunicador das experiências da fé é capaz de ir além se transformando num autêntico transmissor do amor-bondade de Deus e das verdades reveladas, sob a guia do Espírito Santo.
A fé propõe a mensagem de Deus e convida a uma comunhão com Ele que ultrapassa a busca e as expectativas humanas. Esta mensagem como conteúdo da fé tem seu fundamento na própria Palavra, pela qual Deus revela sua vontade de comunhão plena com os homens.
Mas o que é “Palavra de Deus”? O que significa “Revelação”?
Deus quer comunicar a si mesmo a todas as pessoas. Ao comunicar a si mesmo sua palavra se torna eficaz, se torna ação e gera transformações no agir das pessoas. Assim, a Palavra de Deus se torna um acontecimento na história de vida de cada um. Partindo da experiência do Povo de Deus narrada na Bíblia, nos leva também a experimentar esta mesma Palavra de Deus que dá continuidade para além da Bíblia e chega até nós por meio da liturgia, da pregação da Palavra, se tornando ação eficaz, ou seja, ação transformadora na vida da Igreja e em nossa vida pessoal.
Deus que se revela comunica em um diálogo amigável, seu amor. Um amor eterno entre as pessoas divinas, mas que se estende até nós, convidando-nos continuamente a que entremos em comunhão com Ele.
Nessa comunhão Deus nos fala, se revela, toma a iniciativa de remover as barreias entre ele e nós e mostra o seu rosto por meio da Palavra.
Quem é o rosto de Deus?
A Palavra de fato é Jesus Cristo. É o Cristo que nos mostra o Pai. O Filho único que está no seio do Pai é que o dá a conhecer, conforme nos diz a Palavra no Evangelho de João 1,18. Conhecer a Palavra nos leva a esse acontecer, ou seja, ao encontro com uma pessoa que dá à vida um novo sentido. É Jesus que nos faz entender que as Escrituras são palavras humanas que guardamos no nosso interior à luz da verdade.
Para melhor compreender a Palavra, necessário se faz lê-la à luz do Espírito Santo.
Quem é o Espírito Santo?
O Espírito Santo é soberanamente livre; Age de forma inédita e inesperada. Ele é como o vento, e assim sendo, ele sopra nos corações de todas as pessoas de boa vontade. Ele, que está sempre presente no meio da sua Igreja, hoje como ontem, não teme as transformações e está continuamente pronto a instaurar novos caminhos.
Celebrando a grande festa de Pentecostes e encerrando a Semana de Oração pela Unidade Cristã como um dos maiores eventos que propõe o diálogo entre membros de Igrejas Cristãs, todas as Igrejas são convidadas a participar, independente do fato de fazerem ou não parte de um Conselho de Igrejas.
Todos nós cristãos devemos deixar Deus entrar em nossas vidas. Devemos procurar reconhecer a ação do Espírito em mim e nas diversas iniciativas das pessoas. Um reconhecimento com discernimento, como nos indica Paulo em 1Cor 12,10; 1Ts 5,19-21. Assim podemos viver o amor Trindade. Esse amor trinitário no qual todos os cristãos foram batizados.
Olhando para a nossa realidade, possamos dar continuidade à nossa caminhada de fé, assim como a comunidade de Mateus fez, ouvindo os ensinamentos de Jesus que lhes ordenara: “Ide! Fazei que todas as nações se tornem discípulas, batizando-as em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo, e ensinando-as as observar tudo o que vos ensinei. E eu estarei convosco todos os dias até o final dos tempos” (Mt 28,119-20).
Neuza Silveira de Souza. Coordenadora do Secretariado Arquidiocesano Bíblico-catequético de Belo Horizonte