Jesus foi fiel ao projeto do Reino de Deus e à vontade do Pai até o fim. No itinerário de sua vida, a cruz não surgiu por acaso. Ele foi condenado pelas autoridades judaicas daquele tempo por blasfêmia e pelos romanos por agitação política. A doação de sua vida na cruz é a maior prova de seu amor por nós. O seu sacrifício, ou seja, o mistério de sua paixão, morte e ressurreição trouxe a todos vida plena e salvação.
A cruz é o fim de um processo: “Tudo está consumado”, mas não representa o fracasso de Jesus, pois ela é a imagem da maior prova de amor de Deus para com o ser humano.
Com sua paixão, morte e ressurreição, nasce a fé cristã. O ressuscitado mudou o coração e a vida das primeiras testemunhas da nossa fé, as quais foram constituídas, através das aparições do ressuscitado, para dar testemunho de sua ressurreição para todos aqueles que desejam crer. A ressurreição trouxe às pessoas a fé na vida eterna.
Neste domingo celebramos a festa solene da Ressurreição do Senhor. A partir deste Domingo inicia-se o Tempo Pascal que vai até a festa de Pentecostes, que é celebrado 50 dias após a Páscoa. É um tempo cheio de alegria, como se fosse um só dia de festa.
Jesus foi o primeiro a ressuscitar. A ressurreição de Cristo, assim como a ressurreição de todos os que creem nele, transforma a vida e o corpo da pessoa. A fé na ressurreição não necessita de provas, pois assim como as primeiras comunidades cristãs, o cristão acredita no testemunho daqueles a quem Jesus apareceu e os constituíram testemunhas oculares do Cristo ressuscitado
O que fazer pós-ressurreição do Cristo?
Pós-ressurreição do Senhor, Ele nos envia seu Espírito para iluminar nossa caminhada. Todos os que acreditam nele são convocados a descobrir o amor misericordioso de Deus. Trata-se de um amor tamanho que não tem medidas e é vivendo esse amor que seremos capazes de clarear as várias imagens distorcidas do Deus que carregamos na nossa caminhada de fé. Vamos jogar fora as imagens caricaturadas de um Deus que é vingativo, que está sempre a nos cobrar e que nos ama na medida do nosso mérito pessoal. Com a ressurreição do Senhor só nos resta uma possibilidade: enxergar o amor misericordioso de Deus e amarmos a todos com esse amor que Deus nos ama: Amor incondicional.
Realizando as leituras do Evangelho, nele percebemos grandes exigências para viver esse amor, mas se trata- de exigências a serem cumpridas, não para merecer o amor de Deus; Ele já nos deu seu amor, mas para experimentar esse amor em nossa vida e ajudar também os irmãos e as irmãs a vivê-lo.
A graça de Deus simbolizada em uma nova vida, ressuscitada, torna-se motivação para enfrentarmos os sofrimentos nessa vida. Deus nos ajuda para que possamos ver nascer um novo dia e nele somos conduzidos para a realização de uma vida plena, mas os passos somos nós que temos de dar.
Citando o Papa Francisco em sua “Bula de proclamação do jubileu extraordinário da misericórdia” ele diz: “A misericórdia do Pai tornou-se viva, visível e atingiu o clímax em Jesus de Nazaré”. O Pai, “rico em misericórdia” (Ef 2,4), depois de ter revelado seu nome a Moisés como ‘Deus misericordioso e clemente, lento na ira, cheio de bondade e fidelidade’ (Ex 34,6), não cessou de dar a conhecer, de vários modos e em muitos momentos da história, a sua natureza divina. Na plenitude do tempo (Gl 4,4), quando tudo estava pronto segundo seu plano de salvação, mandou o seu Filho, nascido da Virgem Maria, para nos revelar o seu imenso amor. Quem o vê, vê o Pai (cf. Jo 14,9). Jesus, com a sua palavra, os seus gestos e toda a sua pessoa, revela a misericórdia de Deus.
Na morte e ressurreição de Jesus Cristo, Deus torna evidente este seu amor que chega ao ponto de destruir o pecado dos homens. Jesus, o Cristo ressuscitado, nos leva à reconciliação com Deus através do mistério pascal e da mediação da Igreja. Assim, Deus está sempre disponível para o perdão e Jesus é o caminho que nos leva até ele.
Para percorrer esse caminho de salvação, deitemos o nosso olhar nas bem aventuranças (Mt, 5,3-12; Lc 6,20-23) e lá encontraremos a realização plena dos nossos anseios. Olhemos para a parábola dos talentos (cf. Mt 25,14-29, do mordono (cf. Mt 24,45-47; 25,31-46 e Lc 10,25-37) e lá está a salvação como recompensa pela prática da solidariedade e do amor. Também podemos encontrar na caminhada formas de superação das limitações do sofrimento olhando para as parábolas do perdão e da misericórdia (cf. Mt 1823-35; 20,1-15; 21,28-32; Lc 15,1-32).
Esse período pascal nos convoca para um momento maior de meditação e reflexão sobre esse amor misericordioso de Deus. Juntos, todos podem percorrer esse caminho de realizações para a vida plena.
Neuza Silveira de Souza.
Coordenadora do Secretariado Arquidiocesano Bíblico-catequético de Belo Horizonte.