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[Artigo] O Senhor é pastor que nos conduz – Neuza Silveira

Neste quarto domingo da pascal a liturgia nos traz uma reflexão sobre o bom pastor. O Senhor é o pastor que conduz a comunidade cristã. Jesus é o nosso PASTOR que conduz seu rebanho a verdes pastagens.

No Antigo Testamento o povo fazia sua experiência de Deus inspirada na realidade daquele tempo em que muitos viviam do cuidado de seus rebanhos.

O Profeta Ezequiel fala sobre esses pastores, bons ou maus. Vale a pena ler Ez 34,1-16. Primeiro, podemos ler os versículos 1 a 10. Deus se queixa amargamente sobre os maus pastores. Nos versículos 11 a 16, Deus se declara o Bom Pastor.

O Salmo 72 descreve a tarefa do Rei Messiânico, que é o Pastor do povo, que Israel está esperando. (Podemos ler os versículos 1-4.7.12-14)

Os líderes religiosos eram considerados “pastores” do povo e, especialmente, os Reis de Israel e Judá que já eram uma referência ao Rei-Messiânico cuja chegada era esperada.

No Novo Testamento, o Rei Messiânico é Jesus, Encontramos nos evangelhos, Jesus como o Bom Pastor (Mt 18,12-14; Lc 15,1-7; Jo 10,1-18 e 27-30.

Já no nascimento de Jesus, segundo o evangelista Lucas, ele recebeu a visita dos pastores e, até hoje, enfeitamos o presépio com imagens de pastores e carneirinhos. O Evangelista Mateus vai nos falar dos Reis magos que visitaram e levaram presentes ao recém-nascido. O texto narra que magos do oriente, contemplando uma estrela, descobrem nela um sinal: nasceu o Rei dos judeus. Eles então se põem a caminho, em busca deste Rei. Eles também fazem parte nos nossos presépios, em homenagem ao nascimento de Jesus. Disseram os Reis Magos: “Nós vimos a sua estrela e viemos para prestar-lhe homenagem” (Mt 2,2).

Em João, Jesus é o Bom Pastor. Ele diz: “conheço as minhas ovelhas e as minhas ovelhas me conhecem” (Jo 10,14). E diz mais: “Tenho ainda outras ovelhas que não são desse redil: devo conduzi-las também. Elas ouvirão a minha voz; então haverá um só pastor e um só rebanho” (Jo 10,16).

Jesus é a porta pela qual as ovelhas podem entrar e sair. Quem não entra no redil das ovelhas pela porta, mas sobe por outro lugar, é ladrão e assaltante. Quem entra pela porta é o pastor das ovelhas”. E elas escutam a voz do pastor e caminham com ele.

Os seguidores de Jesus formam a sua comunidade. Após a ressurreição de Jesus e envio de seu Espírito, Pedro apresenta o elemento essencial do querigma, o anúncio de fé da comunidade primitiva. É uma profissão de fé: “Deus constituiu Senhor e Cristo a este Jesus que vós crucificastes”. Ele é o bom pastor que cuida bem de todos nós. Ele permanece em nós e nos convocam para “permanecermos nele”.

Já o Evangelista Mateus, coloca nos lábios de Jesus estas palavras: “Onde dois ou três estiverem reunidos em meu nome, eu estarei ali no meio dele”. Na Igreja de Jesus não se pode estar de qualquer maneira: por costume, por inercia ou por medo. Seus seguidores devem estar “reunidos em seu nome”, convertendo-se a Ele, alimentando-se de seu Evangelho. Essa é também, hoje, nossa primeira tarefa, ainda que sejamos poucos, ainda que sejamos dois ou três.

O Evangelista Mateus mostra-nos, através dos ensinamentos de Jesus o bem viver na comunidade e como Jesus se preocupa com cada um de nós, nos diz: “Vejamos a parábola da ovelha perdida ( Mt 18,10-14). Como o Bom Pastor se preocupa com a ovelhinha que se perdeu e foi atras dela, assim também Ele quer cuidar de cada um nós. Assim, convida a comunidade ser representante dele nessa tarefa. Pede-nos a cuidar e não desprezar nenhum dos pequeninos, porque os seus anjos nos céus veem continuamente a face de Pai que está nos céus”. A parábola é dirigida à própria comunidade. Ela é chamada a refletir o porquê de alguém se desviar do caminho proposto. Caso aconteça, qual será a atitude da comunidade, qual a culpa da comunidade. O que pode levar uma pessoa a se decepcionar com a mensagem de Jesus? Jesus orienta para a correção fraterna.

Mt 18,15-18 – Correção fraterna – Jesus chama a atenção da comunidade para o como proceder para ajudar algum membro da comunidade que se encontra em desvio, perdido e apresenta três possibilidades para a reintegração dele: Primeiro, a importância do diálogo fraterno entre o ofensor e o ofendido. Se não resolver, chamar algumas pessoas para ajudar no processo de reconciliação. Senão, levar à comunidade. O importante é saber buscar a pessoa que se afastou. Agir conforme Jesus, ele que veio para salvar o que estava perdido, recuperar quem já se perdeu.

Mt 18,19-20 – A oração comum. A oração em comunidade é um caminho de perseverança, um meio eficaz de vencer as dificuldades da caminhada (At 2,42-47). Conforme disse Jesus: “onde dois ou mais estiver reunido em meu nome, eu estarei entre vós”.

Mt 18,21-22 – A importância do perdão das ofensas – Jesus ensina que para o perdão não há limites. Jesus ensina que o desejo de perdoar deve ser sempre maior que o de vingar.

Mt 18,23-34 – A parábola do devedor implacável – Jesus conta essa parábola para deixar claro para todos nós da comunidade que, diante do amor grandioso e generoso que o Pai tem por nós, a exigência de perdoar que nos é pedida é muito pequena.

Mt 18,35 – Jesus conclui seus ensinamentos deixando claro que o poder de perdoar é dado para toda a comunidade. Ninguém que tenha a pertença à comunidade pode fugir desse ministério. É a comunidade que reproduz a atividade do próprio Pai que está no Céu.

Podemos trazer para nossa vida esses ensinamentos de Jesus celebrando e cantando:

Sou bom Pastor, ovelhas guardarei, não tenho outro ofício, nem terei.

Quantas vidas eu tiver, eu lhes darei.

Maus pastores, num dia de sombra, não cuidaram e o rebanho se perdeu.

Vou sair pelo campo, reunir o que é meu, conduzir e salvar.

Verdes prados e belas montanhas hão de ver o Pastor, rebanho atrás.

Junto a mim, as ovelhas terão muita paz, poderão descansar.

Todos nós somos pastores e somos convidados a tomar conta do rebanho do Senhor. Quando e onde cumpriremos esta missão?

Neuza Silveira de Souza. Coordenadora do Secretariado Arquidiocesano Bíblico-Catequético de Belo Horizonte.



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