Santuário Arquidiocesano

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[Artigo] Ser Igreja é ser povo de Deus – Neuza Silveira

O projeto de Deus é de salvar os seres humanos em comunidade. Uma comunidade que é povo de Deus fundado na nova aliança graças ao sangue de Cristo. Esse povo é constituído de homens e mulheres provenientes de toda nação e cultura. Desse povo, Cristo é a cabeça e em seus corações, como em um templo, habita o Espírito Santo – comunicação de amor entre o Pai e o Filho. Jesus nos comunica esse Espírito e nos faz partícipe da família divina. Assim, somos constituídos herdeiros de Deus e somos chamados a viver a fé em Cristo como uma aventura comunitária, com o objetivo de transformar o mundo e promover a realização do projeto de Deus.

Como viver a fé em Cristo ressuscitado, hoje?

A comunidade cristã é o lugar em que se pode encontrar o Senhor ressuscitado. Podemos assim dizer, baseado na experiência dos primeiros cristãos que foram em busca do ressuscitado e o encontraram na comunidade reunida (Mt 18,20); na escuta comunitária da Palavra (Lc 24,32); na celebração eucarística (Lc 24,35), na entrega da vida pelo Reino (Mt 25,40) e nos sinais dos tempos e na história (Mt 28,20). Suas experiências nos dão a garantia de que o que eles acreditaram e viveram é a mensagem de Jesus Cristo, pregada pelos apóstolos.

Nesse sentido, a Igreja nos convida a fazer um resgate do anúncio cristão nos moldes da Igreja primitiva como modelo para o novo anúncio. A Igreja percebe, na realidade atual, a importância de um novo anúncio e de uma nova evangelização que fala ao homem de nosso tempo.

Como apresentar Jesus Cristo a partir dessa nova realidade é um dos grandes desafios da Igreja hoje, ou seja, desafios dessa comunidade cristã que constitui a Igreja.

As primeiras comunidades se reuniam para ouvir os ensinamentos dos apóstolos, partir o pão, participar das orações e viver unidos. Hoje, a comunidade se reúne para a celebração da Eucaristia e, alimentada pelo pão divino, tem como missão ir anunciar a Palavra e realizar obras junto aos irmãos na fé, assim como os primeiros cristãos fizeram, pois é assim que se pode alimentar e amadurecer a fé, ela que é um ato pessoal de adesão a Deus. Ela deve ser cultivada para crescer sempre mais. Ela precisa ser alimentada com testemunhos de pessoas que a experimentam, ser esclarecida pela revelação, assim como aconteceu com o Povo de Deus na Bíblia, e ser expressa em oração.

A fé vem nos dá a certeza da presença amorosa de Deus em nossa vida. A fé é a nossa resposta a esse amor de Deus. Quando entramos nessa vida de comunidade, a Igreja cristã, pelo batismo, Deus nos dá todos os dons, aceita nos como filhos e nos perdoa de nossos pecados quando abrimos nosso coração a ele. Viver a vida cristã é um desafio constante. É mergulhar na vida do Cristo e sair para servir como nos orienta a Campanha da Fraternidade deste ano.

O Papa Francisco continua essa missão dos apóstolos e está sempre a nos lembrar do nosso papel de ser Igreja peregrina, em saída, sempre em busca de pessoas que gostariam de conhecer a Cristo, suas palavras e experimentar seu verdadeiro amor, pois é em Jesus Cristo que o cristão recebe a sua própria identidade e sua missão. Nesse sentido, visitar, acolher e escutar expressa a Igreja que vai ao encontro do outro, daquele que também deseja ser Igreja e fazer sua experiência pessoal de fé junto à comunidade.

A paixão pelo Reino de Deus nos leva a desejá-lo cada vez mais presente entre nós e nos impulsionam para a partilha dos dons recebidos.

Neuza Silveira de Souza

Coordenadora do Secretariado Arquidiocesano Bíblico-Catequética de Belo Horizonte.

 



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