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[Artigo] Um olhar firme em direção aos adultos – cuidar da comunidade de fé – Neuza Silveira de Souza

Olhando para nossa caminhada de Igreja, muitos são os desafios da evangelização, principalmente o da transmissão e educação da fé cristã. Há muito tempo estamos falando de uma catequese de Iniciação à vida Cristã, uma catequese que nos convocam para uma profunda revisão de toda a ação evangelizadora da Igreja do Brasil, conforme o documento o Documento 107 da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil-CNBB, “Iniciação à Vida Cristã: itinerário para formar discípulos missionários”, além de muitos outros documentos. Nós, catequistas, sabemos disso.

Falar de Iniciação à vida Cristã, estamos falando, de todo um processo de Catequese destinado a todas as pessoas de fé. Uma catequese capaz de orientar e formar pessoas que conhecem cada vez mais Jesus Cristo e seu evangelho de salvação libertadora; pessoas que vivem um profundo encontro com Ele e que escolhem seu modo de vida e sentimentos (Fl 2,5) e se comprometem a realizar, considerando a realidade em que vivem, a missão de Cristo, que é o anúncio do Reino de Deus.

Nesse sentido, em primeiro lugar, vamos falar de uma catequese com adultos, à qual devem ser destinados os melhores esforços e recursos humanos e materiais da Igreja, segundo o Diretório Geral da Catequese e o Diretório Nacional de Catequese (DNC 181); trata-se da catequese permanente por meio dos grupos de reflexão bíblica, dos casais que se preparam para o casamento, dos pais e padrinhos que se preparam para o batizado de seus filhos e afilhados, dos agentes das diversas pastorais.

Em segundo lugar, estamos falando também da catequese com jovens e adolescentes em preparação para a crisma e aqueles integrantes de grupos de jovens.

Em terceiro lugar, estamos falando da catequese com as crianças em suas várias etapas. Por fim, falamos da catequese com grupos específicos, como a catequese com pessoas com deficiência.

Todo batizado necessita de uma catequese para ajuda-lo no processo de crescimento e amadurecimento da fé. Conhecer o Evangelho é direito de cada pessoa, real, concreta, histórica, inserida em um contexto particular e marcada por dinâmicas psicológicas, sociais, culturais e religiosas porque “todos e cada um foram compreendidos no mistério da redenção”. Cada fase da vida da pessoa está exposta a desafios específicos e deve enfrentar as dinâmicas sempre novas da vocação cristã (Diretório para a catequese, 224).

Catequese com adultos – Quando falamos de catequese com adultos, muitos dizem: mas os adultos já são batizados; muitos dos adultos já receberam os sacramentos; para que, então, Catequese?

Hoje somos chamados a olhar a realidade da nossa comunidade cristã. Quem são os adultos que constituem a nossa comunidade de fé? Podemos dizer que muitos já receberam sim, os sacramentos, mas são poucos os adultos que foram evangelizados e se sentem maduros na fé. Outro fator importante é que precisamos mudar nosso jeito de pensar. Podemos dizer: “mudar de mentalidade”, “enxergar uma nova realidade para a qual somos chamados a viver”: Hoje não podemos pensar a catequese apenas para preparar crianças para receber os sacramentos, mas preparar pessoas para fazer a experiência do encontro pessoal com Jesus Cristo. Uma catequese permanente, nas várias etapas da vida de uma pessoa. Uma catequese que se faz necessária na vida das pessoas.

Nós, pessoas humanas, somos seres de desejo. Há uma sede em nós, não de água, mas de algo que vai além de tudo que podemos possuir. Precisamos de alguém ou um algo a mais, que de sentido a nossa vida. Diante da nossa fraqueza, da nossa impotência perante muitas situações, procuramos “Alguém” em quem possamos nos apoiar. Diante do nosso desejo de amar e ser amado, procuramos Alguém que nos ame incondicionalmente, assim como somos. Precisamos de Alguém que nos faça exigências pelas quais vale a pena lutar e nos esforçar. São desejos que existem dentro de nós. Desejos que o próprio Deus colocou em nós. Há uma sede do Absoluto que nos impulsiona para irmos à sua procura. Mesmo aqueles que dizem não acreditar em Deus, não deixam de procurar a felicidade; porém, não encontram uma resposta satisfatória. Santo Agostinho já disse: “O nosso coração está inquieto, até que repouse em Deus”. Ele falou por experiência!

Podemos citar várias categorias de adultos que vivem a fé em modalidades diferentes: quem são eles?

  • Adultos que creem, que vivem sua fé e desejam aprofundá-la;
  • Adultos que não completaram a iniciação cristã, ou seja, não receberam os três sacramentos que os tornam iniciados na fé: Batismo, Crisma, Eucaristia. Após a recepção desses três sacramentos que podemos dizer que somos cristãos autênticos, inseridos na vida do Cristo;
  • Adultos que não vivem ordinariamente a própria fé, mas procuram a comunidade cristã em certas ocasiões;
  • Adultos provenientes de outras confissões ou experiências religiosas;
  • Adultos que retornam à fé cristã;
  • Adultos não batizados – para quem se dirige o catecumenato verdadeiro e próprio). (Diretório para a Catequese, n. 258)

Catequese com adultos, portanto, é um itinerário, um processo de partilha de vida e vivências da fé, visando o amadurecimento do adulto e a sua adesão a Jesus Cristo e ao seu projeto de vida. Lembrar que os adultos deveriam ser os sujeitos e destinatários prioritários da nossa catequese. Jesus evangelizava adultos e abençoava as crianças. Nós, há tanto tempo, estamos na direção contrária. Uma Igreja atenta às necessidades de hoje precisa compreender isso e assumir, corajosamente, o desafio imperioso de uma catequese que contemple seriamente o mundo adulto.

Neuza Silveira de Souza. Coordenadora do Secretariado Arquidiocesano Bíblico-Catequético de Belo Horizonte.

 



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