Todos nós somos chamados a uma missão e, de algum modo, a realizar algo em nossas vidas. “É o Senhor que nos indica para que margens devemos ir”. À Luz do Espírito Santo, vamos caminhando e descobrindo que direção tomar. Um dos primeiros passos para encontrar o caminho é nos esforçar para ouvir a própria voz interior e nos aproximar de Deus. Vivemos em um tempo em que é mais comum fixar o olhar para fora de nó mesmos. Mas fechar os olhos e nos dedicar a enxergar o “eu” que fala dentro de nós é um modo de depositar um sopro de esperança na própria vida.
,Ao encontrar as respostas que brotam de dentro é mais fácil perceber o chamado de Deus e então, com coerência, responder afirmativamente. A busca interior e vivência da própria espiritualidade se apresenta como caminhos que podem ser interpretados de maneira mais clara para irmos realizando nosso projeto de vida.
Eu sou uma missão nesta terra e para isso estou neste mundo. Diz o Papa Francisco: “a missão no coração do povo não é uma parte da minha vida, ou um ornamento que posso pôr de lado; não é um apêndice ou um momento entre tantos outros na minha vida. É algo que não posso arrancar do meu ser, se não quero me destruir. Eu sou uma missão nesta terra. É como se fôssemos marcados a fogo pela missão de iluminar, abençoar, vivificar, levantar, curar, libertar. Nisso se revela a enfermeira autêntica, o professor autêntico, o político autêntico, o catequista autêntico, aqueles que decidiram, no mais íntimo do ser, estar com os outros e ser para os outros. O que não pode acontecer é colocar a tarefa de um lado e a vida privada do outro. Aí tudo se tornará cinzento e a pessoa viverá apenas em busca de reconhecimentos ou defendendo as próprias exigências. Deixará de ser povo” (Conf. EG n. 273).
Assim diz o Papa Francisco nos lembrando que a vida traz em si uma missão, confiada a nós por Jesus. Com ele é possível caminhar um passo de cada vez, ir cumprindo sua tarefa no cotidiano da missão e ajudando as pessoas a ser feliz, pois o despertar de sua vocação para a missão e anúncio da Palavra só traz alegrias e faz crescer na fé.
Grandes são os desafios. Somos despertados para sermos fontes de esperanças, uns para com os outros. O ser humano tem a liberdade de responder ou não a esse chamado a Deus. O chamado é para deixar-se amar. Um amor incondicional que não nos exige nada a não ser amar simplesmente. Um amor que nos impulsiona para ir além. Ir encontrar o outro e com ele caminhar.
Dizer que vive a vocação é responder a esse chamado de Deus. Vocação é dom. Cada pessoa recebe seu chamado específico. Um chamado que lhe confere uma identidade pessoal. Daí a busca pela descoberta de sua vocação que é realizar sua missão a partir da vontade do Pai. Se você consegue ajudar uma só pessoa a viver melhor, isto já justifica o dom da vida. Cada vez que nossos olhos se abrem para reconhecer o outro, ilumina mais a nossa fé para reconhecer a Deus. Quando vivemos a mística de nos aproximar dos outros com a intenção de procurar o seu bem, ampliamos o nosso interior para receber os mais belos dons do Senhor. Cada vez que encontramos com um ser humano no amor, ficamos capazes de descobrir algo de novo sobre Deus. Estas coisas estão interligadas com a vontade do Pai. E que nos mostra a vontade do Pai é seu Filho Jesus Cristo. A pessoa só precisa crer.
Cada pessoa tem em si dimensões que vão sendo aprimoradas no decorrer do tempo e da vivência do chamado. Elas ajudam o cristão no desenvolvimento de sua missão e vocação.
Na sua dimensão humana ela é o dom da existência e da vida dado por Deus. Traz em si uma missão de evolução constante em direção a sermos pessoas melhores e construirmos uma sociedade mais justa e fraterna; Nós não podemos esquecer de que somos criados à imagem e semelhança de Deus, chamados a viver o amor.
E, em segundo, enquanto cristãos batizados somos convocados a viver nosso compromisso batismal se colocando no seguimento de Jesus.
A nossa fé é também eclesial e é vivida em meio à comunidade, lugar de onde brota verdadeiras vocações e lugar onde somos chamados a realizar nossa própria missão.
Na caminhada precisamos estar atentos para “Escutar, discernir e viver a Palavra de Deus”, pois nossa vida e a nossa presença no mundo são frutos duma vocação divina”. É o Espírito Santo o protagonista dessa nossa ação,
Ter o Espírito Santo como aquele que nos guia, me faz lembrar de uma das experiências das primeiras comunidades que nos relatam sobre o batismo do Etíope Eunuco (At 8). O anjo do Senho envia Felipe para ir em missão. No caminho ele encontra com o Etíope, ouve o que está lendo e é convidado a explicar-lhe a palavra. Fala da Boa nova de Jesus e desperta nele o desejo de ser batizado. Essa é a alegria do evangelho que nos mantém firmes em nossos propósitos de fazer missão.
Coordenadora do Secretariado Arquidiocesano Bíblico-Catequético de Belo Horizonte