Em novembro, celebramos entre os dias 1º e 8, a Semana das Almas. Para esta semana o Papa João Paulo VI, na Constituição das Indulgências, de 1967, estabeleceu o perdão pelas almas do purgatório. Mas por que é tão importante rezar pelos nossos entes queridos? O padre Felipe Carvalho, pró-reitor do Santuário Basílica Nossa Senhora da Piedade nos ajuda neste entendimento e explica como devemos nos preparar para receber as indulgências desta semana. Acompanhe a entrevista – 5 perguntas para o padre Felipe Carvalho
Padre Felipe, por que devemos rezar pela alma dos nossos irmãos que já partiram deste mundo?
Primeiramente, precisamos compreender o que é alma e o que é o pecado. A alma é aquilo que nos define como pessoa. Podemos dizer que a alma é o que dá existência ao nosso ser. Uma vez criada, no momento da nossa concepção, por Deus, de forma única e singular, a alma é imortal. A nossa alma não morre, portanto a morte biológica se interpõe como um obstáculo a ordem natural, criada por Deus. Isso acontece devido ao pecado dos nossos primeiros pais. Uma vez que essa alma experimenta o pecado ela é maculada, torna-se manchada, essas manchas são chamadas de pecado.
E como entender melhor o pecado neste contexto da alma?
O pecado tem a sua pena, a sua culpa. A culpa é o ato do pecado em si, o ato de sentir e consentir o pensamento na raiva é a culpa do pecado. A pena do pecado é a consequência, toda ação tem sua reação. Suponhamos que quebrar um copo fosse pecado (não é). O ato de quebrar é a culpa, a consequência são os cacos de vidro, a falta do copo para tomar água. O sacramento da confissão apaga toda a culpa, desde que o penitente esteja arrependido, procure o sacerdote, se proponha a pedir perdão.
E aqueles pecados que não podem ser reparados…
Sim. Nem todas as consequências são possíveis de serem reparadas. Por exemplo: “padre, eu pequei roubando meu irmão: a sua penitência é devolver o que roubou. Há pecados que não têm como serem reparados neste mundo, aí surge a realidade da misericórdia de Deus, que é o purgatório, lugar de reparação e restauração do pecado que não conseguimos reparar em vida.
Daí nasce a indulgência, vivenciada de forma especial nesta semana?
A indulgência nasce dessa compreensão. O Senhor ao ressuscitar, como nos recorda o apóstolo João no capítulo 20 de seu Evangelho, deu à Igreja autoridade de perdoar os pecados. Portanto, crendo nessa autoridade, a Igreja aconselha que, por meio das ações dos fiéis, as almas do purgatório encontrem o perdão para as penas de seus pecados e possam assim ingressar plenamente em Deus. Por isso, respondendo a primeira pergunta, rezamos por nossos irmãos falecidos que já partiram desse mundo, pedindo ao Senhor que aqueles que não estão no céu possam contemplar a Deus, face a face, e recebam essa indulgência, o perdão absoluto e radical que os torna plenamente livres.
Nesta Semana das Almas, como devemos nos preparar para receber a indulgência?
Podemos receber as indulgências ao longo de todo o ano, para nós ou para uma alma. De modo particular, em novembro, nesta semana dedicada às almas, é preciso um preparo: estar em estado de graça, ou seja, ter feito uma boa confissão e recebido a Eucaristia, ter participado da Missa já em estado de graça; visitar um cemitério ou, na impossibilidade, rezar na intenção das almas dos fiéis defuntos; rezar um Pai Nosso, uma Ave Maria e o Creio, na intenção do Santo Padre, o Papa.