A experiência da fé, o símbolo e o rito no Santuário Basílica Nossa Senhora da Piedade foi tema de estudo desenvolvido pela especialista em Ciências da Religião, Adriana Balbi. O símbolo, como expressão da experiência do Sagrado, integrou o trabalho final da pesquisadora no curso de pós-graduação em Ciências da Religião da PUC Minas.
Pesquisando sobre o tema: A linguagem do culto à Nossa Senhora da Piedade no Santuário Basílica Nossa Senhora da Piedade: o símbolo e o rito na experiência devocional, Adriana Balbi analisou a transcendência que leva a fé para além da experiência devocional, dando novo sentido à prática. “Parte da proximidade dos devotos com Nossa Senhora da Piedade, se dá também pela dimensão humana. Assim, Nossa Senhora da Piedade resiste ao tempo para os católicos como um modelo de força, vivenciada neste santuário mariano”, sublinha Adriana. Vamos acompanhar mais detalhes na entrevista a seguir:
Qual a origem do tema da pesquisa: A linguagem da devoção à Nossa Senhora da Piedade no Santuário Basílica Nossa Senhora da Piedade: o símbolo e o rito na experiência devocional?
Sou graduada em Teologia com Especialização em Ciências da Religião. Essa trajetória me colocou em um lugar de observação à devoção à figura da Virgem Maria sob o aspecto teológico. Também, estou catequista há mais de 15 anos e em um determinado momento considerei importante falar dessa relevância do culto mariano para além da teologia, pois algo passou a me inquietar, a me questionar: Maria é símbolo de uma experiência devocional? Ou há algo para além disto?
A partir deste interesse, como se encaminhou sua pesquisa?
Busquei investigar algo além da perspectiva mariana, ou seja, o “salto da fé”, que permita observar a Virgem Maria para além do devocional. Analisando Maria no Santuário Basílica Nossa Senhora da Piedade; frente ao sofrimento das mães na perda de seus filhos, evidencia-se a possibilidade de observação da Virgem Maria como figura representativa da mulher atual em suas lutas. O aspecto da figura de Maria, na expressão simbólica, revela-se na devoção que engloba o transcendente, ou seja, a Virgem Maria é extraordinária e poderosa, mas está muito próxima da experiência de fé do devoto, uma experiência também humana dos fiéis que ali estão, no Santuário da Piedade.
O que mais a surpreendeu em seu estudo?
Esta dissertação, embora reconheça a figura de Maria por meio do símbolo e do rito para além da fé do devoto, para além da religião e da teologia, entende haver outras perspectivas. No diário de campo, nos registros fotográficos coletados, associados à teoria, observou-se que parte da proximidade dos devotos com Nossa Senhora da Piedade se dá por esta dimensão humana alcançada. Assim, Nossa Senhora da Piedade resiste ao tempo para os católicos como uma devoção, um modelo de força, de determinação. O que me surpreendeu? A força devocional nesse Santuário Mariano, a pista que leva fiéis à Ermida de Nossa Senhora da Piedade, em datas especiais, se transforma em um “mar de gente” em peregrinação.
Poderia indicar uma especial contribuição de sua pesquisa?
Consideramos ser uma contribuição desta pesquisa à Ciência da Religião e à Teologia o símbolo e o rito que envolvem e imagem da Virgem Maria, rodeada de interpretações. Com a percepção da sua dimensão humana, enquanto valor material e exemplo de resiliência, desprendimento, evidenciada na pesquisa, procurou-se tratar de uma fé devocional, mas que ao mesmo tempo há uma notável presença e persistência de força, pois é materializada no Santuário pelas repetidas e incansáveis caminhadas, subidas, descidas e pelos “sacríficos”. Tudo isso contribui para o entendimento não apenas da fé pela fé, mas da fé ressignificada no símbolo e na prática do rito vivenciados no Santuário da Piedade.