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O Caminhar da Catequese como processo de Evangelização – artigo Neuza Silveira

A evangelização hoje exige homens e mulheres, jovens e adolescentes desejosos de inovar a partir da proposta feita pelo Mestre Jesus a Nicodemos: “quem não nascer da água e do Espírito não pode entrar no Reino de Deus” (Jo 3,5), ou seja, nascer de novo, renascer. Este é o convite que Jesus continua fazendo através da Igreja, que é a continuadora de sua missão. A Igreja funda-se sobre a Palavra de Deus, nasce e vive dela.

O povo de Deus sempre encontrou forças na Palavra e, também hoje, a comunidade eclesial cresce na escuta, na celebração e no estudo da Palavra de Deus.

A catequese tem como fonte primeira a Palavra de Deus que deve ser estudada e oferecida aos catequizandos de todas as idades, para que, desde cedo, eles já passam a conhecer o Cristo e seu grande amor por todos, através da experiência do encontro pessoal com ele.

A realidade atual que nos interpela

A realidade atual deixa transparecer um grande comodismo dos cristãos na vivência da fé. Ela está sempre a nos interpelar, e nos chama a um novo jeito de evangelizar que possa acompanhar as grandes e rápidas mudanças de época.  Esse tempo exige de todos nós uma interligação entre fé e vida, ou seja, confrontar a fé com a realidade e se comprometer mais firmemente com a Igreja, lembrando sempre que ela significa “um corpo constituído de toda a comunidade cuja cabeça é Cristo”.

A Igreja é o centro de irradiação da vida em Cristo por meio da comunidade de batizados que a constitui. Ela anuncia a todos os seus ensinamentos de Jesus e ajuda-os a observar o que o Cristo ordenou, fazendo discípulos para o seu seguimento (cf. Mt 28,19).

No início do Cristianismo, a partir da experiência das primeiras comunidades, a fé era vivida com coragem e compromisso, levando a sério os ensinamentos dos Evangelhos.  Também hoje, somos convidados a fortalecer a nossa fé, através da sua educação vista como um processo contínuo e permanente, onde a catequese exerce o seu papel fundamental: de verdadeira orientação de um encontro de pessoas; a pessoa do catequizando com a pessoa de Cristo.

A catequese verdadeira leva à libertação

A catequese proporciona ao catequizando um relacionamento de acolhida das outras pessoas, do mundo de Deus e de responsabilidade própria diante dos desafios que a fé lhe apresenta. Para tanto, de um lado, as pessoas necessitam educar-se, abrindo-se na fé para a mensagem que a catequese oferece. Por outro lado, para que a catequese produza tais frutos, os catequistas necessitam inserir-se em um processo de formação permanente, se comprometer por meio da participação ativa na comunidade e se deixar seduzir pelo Espírito que sopra onde quer, quando quer e como quer.

Ainda hoje, muitas pessoas, ao receber a educação da fé, a recebem de forma infantil através de uma catequese mais informativa, direcionada para a recepção dos sacramentos, sem um aprofundamento que leve as pessoas a interagirem sua fé com a prática cristã, a se comprometer, a engajar-se nos trabalhos pastorais. O ser católico tornou-se algo ocasional. A nossa realidade está a nos exigir muito mais.

A Catequese como instrumento de transformação

A catequese necessita ser um instrumento eficaz de transformação, pessoal e comunitária e para isto é importante ao trabalho catequético o conhecimento das realidades humanas e dos agentes nelas envolvidos. Grandes são os desafios da realidade: apresenta problemas de ordem ética, cultural e religiosa, exclusão e miséria, violação dos direitos humanos, agressão à vida e à natureza e indiferença religiosa. No campo religioso há o desafio da diversidade de expressões com o catolicismo e o protestantismo, no pluralismo de culturas e várias outras crenças.

Ao evangelizar, exigem-se dos agentes de educação da fé a formação, muita atenção à diversidade de prática religiosa, respeito, abertura sincera e solidariedade. Só assim a catequese pode fazer ecoar a Palavra de Deus, os ensinamentos de Jesus e produzir bons frutos, diante da diversidade.

As exigências de uma catequese efetiva e eficaz.

Percebendo essa realidade a Igreja nos convida à realização de uma catequese mais efetiva (concreta, ativa, fundamentada), e eficaz (compreensível, sincera e acessível ao catequizando). Várias são as exigências: Uma formação catequética mistagógica, metodológica, bíblica, querigmática e doutrinária, para atender à comunidade na sua diversidade. Oferece-nos, a partir de um modelo inspirador de catequese das primeiras comunidades um jeito de catequizar que hoje ela chama de Iniciação à Vida Cristã; a realização de um bom trabalho pastoral com o efetivo envolvimento da comunidade, estar atentos às características de “comunidade cristã”, que são:

  1. Escuta orante da Palavra de Deus – Fonte da catequese (DNC 106);
  2. Vivência litúrgica (DPLS 98 a 122);
  3. Solidariedade e amor fraterno (Fratelli Tutti);
  4. Engajamento nas atividades e transformações sociais.

Segundo as Diretrizes do Processo Catequético na Arquidiocese de Belo Horizonte e, a partir de várias outras orientações em documentos como: Catequese Renovada, Diretório Nacional de Catequese, Ad Gentes, Catechesi Tradendae, Documento de Aparecida, Diretório para a Catequese, a catequese precisa desenvolver um projeto catequético que acompanhe e eduque a fé das pessoas, contemplando todas as etapas do seu crescimento humano-espiritual: crianças, adolescentes, jovens, adultos.

Uma catequese como processo contínuo e permanente

A catequese não pode mais ser pensada como apenas para a preparação de sacramentos, mas como um processo contínuo que oferece um constante crescimento e amadurecimento da fé.

Para que esta catequese aconteça em nossa realidade atual, primeiramente os catequistas têm de mudar seu jeito de pensar a catequese. Precisa acontecer uma mudança de paradigma: Uma catequese que não seja apenas de preparação para os sacramentos, com tempo determinado, e no final tem-se a formatura. Mas uma catequese continuada, permanente e necessária que leve aos catequizandos o desejo de receber os sacramentos e continuar fazendo parte na caminhada na caminhada da Igreja.

Neuza Silveira de Souza

Secretariado Arquidiocesano Bíblico-Catequético de Belo Horizonte



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