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Artigo de dom walmor

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Ancorados na Esperança

A esperança é a âncora do peregrino. Sem esperança, faltará a luz indispensável para o caminho de cada pessoa. A luz da esperança dissipa sombras, afronta e vence o medo, firma os passos na direção certa, com realismo, escancarando as portas da vida à ação do alto. A esperança imprime a orientação, indicando a direção e a finalidade da existência humana, uma compreensão que emoldura o horizonte deste Ano Jubilar 2025, celebrado pela Igreja Católica, a todos oferecendo a oportunidade de ser peregrinos de esperança. Tornar-se peregrino de esperança é qualificação que se desdobra em profundo sentido humanístico e espiritual, possibilitando corrigir rumos na contemporaneidade, com entendimentos novos, capazes de inspirar o necessário equilíbrio humano-ecológico. Assim, a indicação sábia do apóstolo Paulo, escrevendo aos Romanos no século primeiro da Era Cristã, precisa ser sempre lembrada: “Alegres na esperança, pacientes na tribulação, perseverantes na oração”. Transbordar em esperança para alargar corações, convencidos de que o amor é o único caminho de reconciliação, de construção da fraternidade universal.

A alegre esperança, quando vivida, fecunda no coração o entusiasmo de um amor oferente, sustentando um profundo sentido social e político da cidadania. Ajuda a romper as amarras dos interesses mesquinhos, das manipulações e da ganância. Capacita o ser humano para exercer a generosidade gratuita – a oferta de um sorriso, um gesto de amizade, um olhar fraterno, uma escuta sincera, um serviço gratuito. Generosidade especialmente exercida quando se oferece as próprias aptidões e responsabilidades profissionais ao propósito de construir um horizonte civilizatório marcado pela amizade social. A esperança capaz de inspirar transformação não é uma esperança qualquer, nem mesmo consiste em aposta cega, fundamentada em sentimentos que, não raramente, estão distantes da realidade. Ela tem propriedades para ancorar os peregrinos, razões que produzem luz e vigor. A esperança que não confunde tem fundamento divino, portas abertas para a vida eterna, iluminando de modo adequado a vida que passa como um piscar de olhos.

Trata-se de esperança com luz inigualável, que leva a uma verdade essencial: a história da humanidade, de cada pessoa, não corre para uma meta sem saída e nem para um abismo escuro. É orientada para a glória do Senhor, como assinala o Papa Francisco no documento de convocação deste ano jubilar. Faz-se importante, pois, adentrar, sempre mais, nas ricas dimensões constitutivas da esperança que não confunde e não decepciona. A esperança cristã tem uma fisionomia ampla e rica. Vivê-la proporciona um horizonte novo e luminoso. Mas o que se pode esperar? O Papa Bento XVI, na sua Carta Encíclica Spes Salvi - Salvos pela esperança – apresenta essa interrogação com uma resposta, repleta de lições. Bento XVI lembra que progresso por adição só é possível no campo material, com processos de dominação da natureza. Nos campos da consciência ética e da decisão moral é diferente, pois a liberdade humana sempre se renova – não deve estar sujeita à dominação.  Por isso mesmo, o bem-estar moral não é garantido somente pelas estruturas, por mais essenciais que sejam. Precisa das decisões e das escolhas do conjunto de cidadãos, norteadas por um horizonte inspirador que se alimenta de uma esperança que não decepciona.

A ciência contribui incontestavelmente para a humanização do mundo, mas não consegue redimir a interioridade do ser humano. Uma esperança fundada apenas na ciência é, pois, insuficiente. Não se redime a pessoa pela ciência, mas pelo amor, afirma o Papa Bento XVI. Experimentar na vida um grande amor é experienciar a redenção. Saiba-se que o fundamento da esperança que não decepciona é uma pessoa, tem um nome, Jesus Cristo, o Salvador. Ele é o único fundamento da esperança que não decepciona. A esperança fidedigna se alicerça na oferta do sacrifício e na ressurreição de Cristo. Ela é capaz de orientar a humanidade, pois Cristo possibilita uma compreensão que ilumina todo olhar com a luz da fraternidade, inspirando estilos de vida que ajudam a superar cenários de miséria e de exclusão, garantindo o respeito à dignidade de todos. Não existe outro caminho para transformar a sociedade, partilhando as conquistas da ciência, qualificando a política, promovendo a vida. É preciso buscar a esperança que se fundamenta em Jesus.  O ano jubilar permita a todos alcançar a sabedoria alicerçada em Cristo, qualificando cada ser humano para ser autêntico peregrino de esperança.

 

 

Dom Walmor Oliveira de Azevedo
Arcebispo metropolitano de Belo Horizonte