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Reflexão sobre a peregrinação penitencial do Papa Francisco ao Canadá é tema da Audiência Geral desta quarta-feira (3)

Na Audiência Geral desta quarta-feira (03), a primeira depois da pausa durante o mês de julho, o Papa Francisco fez importantes reflexões sobre a recente viagem apostólica ao Canadá “Foi uma viagem diferente de qualquer outra. Com efeito, a principal motivação era encontrar os povos originais para lhes expressar a minha proximidade e tristeza, e pedir perdão pelo mal que lhes foi causado por aqueles cristãos, incluindo muitos católicos, que no passado colaboraram nas políticas de assimilação forçada e de resgate dos governos daquela época”.

Uma nova página

Depois de afirmar que com a viagem ao Canadá inicia uma nova página do caminho que a Igreja percorre com os povos indígenas, o Papa recordou que o lema da viagem “Caminhar juntos” mostra este objetivo. “Um caminho de reconciliação e cura, que pressupõe conhecimento histórico, escuta dos sobreviventes, consciência e sobretudo conversão e mudança de mentalidade”.

 Recordando sempre os muitos defensores dos povos indígenas e de sua cultura, mas, “por outro lado, infelizmente, não faltaram aqueles que participaram em programas que hoje compreendemos que são inaceitáveis e contrários ao Evangelho”, disse o Papa.

Peregrinação penitencial

O Papa afirmou que a viagem ao Canadá foi uma peregrinação penitencial. Houve muitos momentos de alegria, mas o sentido e o tom geral foram de reflexão, arrependimento e reconciliação. Papa Francisco explicou que “juntos fizemos memória: a boa memória milenar de história destes povos, em harmonia com a sua terra, e a dolorosa memória dos abusos que sofreram, até nas escolas residenciais, por causa das políticas de assimilação cultural”.

O Pontífice explicou que “o segundo passo no nosso caminho foi o da reconciliação. Não um compromisso entre nós – isso seria uma ilusão, uma encenação – mas um deixar-nos reconciliar por Cristo, que é a nossa paz. Fizemo-lo tomando como referência a figura da árvore, central para a vida e a simbologia dos povos indígenas”.

Cura

O terceiro passo do encontro foi a cura. “Demos este terceiro passo do caminho nas margens do lago de Santa Ana, precisamente nos dias da festa dos Santos Joaquim e Ana. Todos nós podemos inspirar em Cristo, fonte de água viva, e ali, em Jesus, vimos a proximidade do Pai que nos dá a cura das feridas e também o perdão dos pecados”.

Esperança

“Deste percurso de memória, reconciliação e cura nasce a esperança para a Igreja, no Canadá e em toda a parte. Os discípulos de Emaús – disse Papa Francisco – caminharam com Jesus ressuscitado: com Ele e graças a Ele passaram do fracasso à esperança”.

Promover as culturas originais

Em seguida o Papa retoma o percurso da viagem recordando que o caminho com os povos indígenas foi a espinha dorsal desta viagem apostólica: “Nela se inserem os dois encontros com a Igreja local e com as Autoridades do país. “Perante os governantes, os líderes indígenas e o corpo diplomático, reafirmei a vontade ativa da Santa Sé e das comunidades católicas locais de promover as culturas originais, com caminhos espirituais apropriados e com atenção aos costumes e línguas dos povos”.

Recuperar equilíbrio saudável

Depois de observar que a mentalidade colonizadora está hoje presente em várias formas de colonização ideológica, ameaçando as tradições e equiparando as diferenças, e principalmente negligenciando frequentemente os deveres para com os mais frágeis. “Trata-se, portanto, de recuperar um equilíbrio saudável, uma harmonia entre a modernidade e as culturas ancestrais, entre a secularização e os valores espirituais”.

 “E isto desafia diretamente a missão da Igreja, enviada em todo o mundo para testemunhar e “semear” uma fraternidade universal que respeita e promove a dimensão local com as suas múltiplas riquezas”.

Por fim, Papa Francisco disse que “no sinal de esperança, foi o último encontro, na terra dos Inuits, com jovens e idosos. E lhes asseguro – continuou – que nestes encontros, especialmente no último, tive que sentir como uma bofetada a dor daquelas pessoas, o quanto elas perderam. Os idosos que perderam seus filhos e não sabiam onde eles foram parar, por causa desta política de assimilação. Foi um momento muito doloroso, mas era preciso encarar de frente: temos que encarar de frente os nossos erros, os nossos pecados”.

O Pontífice destacou que no Canadá este é um binômio-chave, um sinal dos tempos: jovens e idosos em diálogo para caminhar juntos na história entre memória e profecia”. O Papa concluiu dizendo: “Que a fortaleza e a ação pacífica dos povos indígenas do Canadá sejam um exemplo a fim de que todos os povos nativos não se fechem, mas ofereçam a sua indispensável contribuição para uma humanidade mais fraterna, que saiba amar a criação e o Criador”.

 

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