Santuário Arquidiocesano

Ermida da Padroeira de Minas - Basílica da Piedade

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[Entrevista padre Samuel Fidelis] Posso participar do carnaval?

Chegou o carnaval e, neste momento, é comum surgirem dúvidas sobre como vivenciar essa festa brasileira. O padre Samuel Fidelis, pró-reitor do Santuário Basílica Nossa Senhora da Piedade, nos ajuda a refletir sobre este período do ano, nos lembrando a melhor forma de vivenciá-lo enquanto Cristãos, com alegria e sem exageros. “A mim tudo é permitido, mas nem tudo me convém”. (1 Coríntios 6,12). Padre Samuel também convida para o Retiro do Carnaval, na Casa da Mãe Piedade, onde é possível experimentar estes dias de festa, ainda mais perto de Deus, entre 1º e 5 de março.

Acompanhe a seguir, entrevista completa com o padre Samuel Fidélis.

1- Chegou o carnaval e, para muitos, uma dúvida: Sou Cristão, eu posso participar dessa festa de grande popularidade em meu país?

PSF: Vamos recorrer à Rita Lee, antes de falar de profecia vamos à poesia. O povo brasileiro arrasa na felicidade. O carnaval, do ponto de vista popular, do encontro, do distencionamento de um país tão difícil é um dos grandes e belos momento de nossa alma brasileira. Claro, evidentemente, temos que tomar cuidado com os excessos. O carnaval não é um salvo-conduto para bebida excessiva, para assédio a pessoas ou para o desrespeito com o patrimônio público. Portanto, vale no carnaval aquele princípio próprio dos cristãos: tomar cuidado com os excessos, “a mim tudo é permitido, mas nem tudo me convém”. É possível celebrar com família e amigos, desfrutar da beleza, da alegria, cristãmente. Não há um impeditivo para que um cristão participe do carnaval. Pode ser uma festa frequentada com princípios e valores cristãos, com o sentido da confraternização.

2- O que a Igreja nos pede/orienta neste período que antecede a Quaresma?

PSF: A igreja não se opõe aos festejos, ao carnaval, à alegria. Muito pelo contrário. A Igreja anuncia o Evangelho, uma palavra do grego que quer dizer a boa notícia. Portanto, tudo que é festa, alegria e celebração nos interessa, porque nós, que cremos em Cristo, sabemos que desde que Cristo pisou nesse mundo e ressuscitou nós não temos motivos para ficarmos tristes. Me recordo de dom Helder Câmara, seu aniversário coincidia com o período do carnaval e ele destacava como o carnaval é essa festa do povo.

Portanto, não há nenhum impeditivo ou proibição por parte da Igreja: a orientação é a mesma de todos os tempos, cuidado com os excessos, prestar atenção para que no carnaval não tenhamos comportamentos que não condizem com o nosso nome de cristãos, que a alegria e a  celebração sejam indícios do encontro que temos com Cristo.

3- Sou livre para escolher a minha fantasia?

PSF: É claro que sim. Lembrando um pouco as festas romanas, as saturnálias, as trocas de papéis. Carnaval é uma oportunidade para darmos vazão a essa nossa dimensão infantil, às nossas fantasias, nossos sonhos, àquela criança que vai sendo sufocada. Carnaval, na sua fantasia, é um belo momento para nos conectarmos com a nossa criança interior, mais leve, mais simbólica, mais criativa.

4- Durante os dias de folia, o que eu devo observar?

PSF – O carnaval não é um salvo conduto para perder a civilidade, a consideração do outro, não é uma permissão para fazer o que dá na telha. Recorde os valores e compromissos, atenção especial às mulheres, crianças, a quem estiver passando mal , não se utilize, com posts ou sendo indiferente, a quem precisa de ajuda, carnaval não é um salvo-conduto para a perda da civilidade ou perda dos valores cristãos que fazem bem a todos  para nós, não vale a pena exagerar, todo exagero se comunica com uma falta, então o momento é de alegria, de celebração e não de excesso, de loucuras ou de desregramento.

5- E quantos às músicas, posso aderir aos blocos que tocam músicas às vezes ofensivas a determinados públicos?

PSF- Em primeiro lugar, não há como ter controle exatamente daquilo que está sendo cantado e tocado. Há músicas inclusive, que do ponto de vista humano, da consideração das pessoas, colocam a mulher num lugar de diminuição, nos colocam na posição de objetos ou são desrespeitosas, ofensivas com minorias e diversidade, não se trata de transformar o carnaval em uma passeata política, mas demonstrar menos alegria, protesto mais silencioso e muito sutil, não dando ênfase com corpo e alegria àquilo que desrespeita valores humanos, valores cristãos, que significam desrespeito para a vida das pessoas. O carnaval não pode ser salvo-conduto para que os valores se desidratem. Procurem blocos e pessoas que tenham a ver com aquilo que você entende como valor, como importante.

6-  Posso levar minhas crianças para o carnaval?

PSF – O carnaval pode ser um momento de confraternizar e brincar com as crianças, prestando atenção aos blocos e locais. Há blocos tradicionais onde há famílias e ambientes aconchegantes, com música boa, para ajudar as crianças a perceberem que há um local de festejo, de alegria, não ligado ao celular e ao Tic Toc. Assim, elas passam menos tempo no celular.

7- Posso ir ao bloquinho que vai sair na quarta-feira de cinzas?

PSF – É bom quando uma festa termina com gostinho de quero mais. O carnaval acontece no fim de semana, na segunda e terça-feira. Nós, católicos, experimentamos a quarta-feira de Cinzas como um dia de introspecção, mais penitencial, a quarta-feira de Cinzas abre a Quaresma. Por isso é importante dosar as duas coisas.  O tempo de festividade, de alegria, de confraternização, com o momento de reflexão, para vivermos esse momento tão fecundo que é o tempo da Quaresma, momento de ver na nossa vida o que não está devidamente ajustado, de renovar o nosso compromisso cristão para explodir de alegria de novo, na mais alegre de todas as festas, que é a Páscoa.

 



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